Mulheres DelRio, no Outubro Rosa: Ana

Mulheres DelRio, no Outubro Rosa: Ana
26/10/2016
07:09
23

O amor próprio é uma das bandeiras que levantamos diariamente, aqui no Blog DelRio.
Finalizando a série Nossas Mulheres: no Outubro Rosa, a Ana veio contar pra gente como essa força interior foi fundamental para que ela tomasse posse de si novamente, diante da batalha contra um câncer de mama, há dez anos atrás.


 

BDR – Como você descobriu o Câncer de Mama
Ana: Eu estava assistindo um programa de tevê, num domingo, e tinha um grupo de apoio a mulheres que tiveram câncer de mama se apresentando e fazendo o alerta. Logo em seguida eu ia tomar banho e pensei “ah, por que não fazer”. Tinham exatos sete dias, após minha menstruação, e eu senti quase que imperceptível, um carocinho. Foi como se Deus tivesse me mandando um recado, naquele momento.

 

BDR – Então, o autoexame, no seu caso foi fundamental?
Ana: Sim, um mês antes eu já havia pedido no posto de saúde uma requisição para mamografia, mas na época, aos 33 anos, eu estava fora da faixa de risco considerada pelos médicos, então no exame feito no posto eles não davam muita importância. Era um câncer do tipo infiltrante de grau 1, eu fiz muitos exames rapidamente e aí tudo começou.

 

BDR – No momento que saiu o resultado da biópsia, no que você pensou?
Ana: A primeira coisa que veio na minha cabeça foi “quanto tempo ainda tenho de vida”.
Eu me perguntava se eu ia poder lutar contra a doença.

 

BDR – Como foi o tratamento?
Ana: Eu tomava a quimioterapia do tipo mais forte, sentia muita náusea e muito cansaço, além de não conseguir me alimentar, meu organismo rejeitava até água de côco. Foram seis sessões a cada 25 dias. Posterior a isso ainda fiz 28 sessões de radioterapia.

 

BDR – Quem esteve com você durante esse processo?
Ana: Meu ex-marido, na época eu era casada com outra pessoa, mas ele ficou do meu lado o tempo inteiro, e eu tive muito apoio da minha família. Mas sabe, eu procurei trabalhar a minha cabeça para me manter firme junto a Deus, eu tentei me cercar de um mundo onde não interessavam outras pessoas, eu só tinha um propósito, que era lutar e eu sentia no meu coração que eu ia vencer.

“Eu não coloquei o meu tratamento e a minha luta em função de outras pessoa, eu sabia que eu iria vencer”

BDR – Como era sua relação com a vaidade antes do câncer?
Ana: Eu era vaidosa, era bem magra, pesava 53 quilos e tinha um corpo muito bonito. Eu até desfilava na DelRio!!! Meu cabelo era na cintura, sempre comprido e bem liso. Mas isso tudo mudou após a quimioterapia.

 

BDR – E você perdeu o cabelo, teve que raspar, como foi essa mudança?
Ana: sim, eu tive que raspar, mas antes eu cortei bem curtinho, para não ficar naquele processo de queda. Mas isso para mim foi bem tranquilo, eu tirei de letra, isso fazia parte.
Eu colocava na minha cabeça que ia crescer de novo, então eu estava tranquila.

“O câncer é uma doença mutiladora e torturadora”

BDR – A cirurgia é sempre um momento delicado, fala pra gente como foi para você?
Ana: A cirurgia foi um detalhe pequeno em relação a quimioterapia. E eu sofri bastante, por causa do dreno e de todo o processo de retirada da mama, mesmo assim ocorreu tudo bem e eu segui em frente.

 

BDR – Você pensa em refazer a mama, colocar prótese?
Ana: Não. Tem dez anos que meu médico me convida para fazer, mas eu não aceito por que eu quero estar longe de hospital. Depois de tudo o que passei eu só faço a prevenção anual e o que mais é preciso, mas outra cirurgia não quero.

 

BDR – Quando a cura foi se concretizando, nesses dez anos, como você se descreve?
Ana: Ah, um alivio, um grande alivio e muita vontade de viver.
A minha intimidade com Deus me mostrou outras possibilidade. A maior lição do câncer pra mim foi que é preciso lutar. Se o médico te dá uma chance de vida, por que não lutar? E mesmo que ele dissesse ao contrário, ainda assim você tem que lutar.

 

“É como aquela música do “Legião”: é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, e é preciso lutar também”

BDR- Tem alguma lembrança da época do tratamento que você gostaria de partilhar com a gente?
Ana: Sim, sobre o abandono das mulheres que eu conheci no hospital. Muitas mulheres se encontram abandonadas nessa situação. É muito triste e acontece muito. E a gente tem que dar apoio para essas mulheres, temos que ajudá-las.

 

BDR – Que mensagem você deixa para as mulheres que estão enfrentando o câncer de mama, como você enfrentou um dia?
Ana: Não só as mulheres, mas o ser humano, tem que valorizar mais as coisas belas da vida e deixar o supérfluo de lado. Se voltar para a família, amar ao próximo e fazer pelo outro, principalmente, pelos desconhecidos, algo que possa ajudar, isso é o que importa na vida.
E agradecer a Deus pela vida e a oportunidade que ele me deu!

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar navegando, você estará de acordo com as condições.